03/07/2008

MFL

Desde que Manuela Ferreira Leite (MFL) foi eleita líder do PSD tem mantido low profile.
Esta semana deu finalmente a sua primeira entrevista. Escolheu inteligentemente o canal mais visto. Não assisti à dita entrevista mas pelo resumo parece-me que deveria ter continuado com o low profile...
Para além de ter pedido ao governo documentos e estudos já feitos e que estão disponíveis para consulta pública disse uma bela barbaridade relativamente ao casamento entre pessoas do mesmo sexo:
"Eu não sou suficientemente retrógada para ser contra as ligações homossexuais. Aceito. São opções de cada um, é um problema de liberdade individual, sobre a qual não me pronuncio. Pronuncio-me, sim, sobre o tentar atribuir o mesmo estatuto àquilo que é uma relação de duas pessoas do mesmo sexo igualmente ao estatuto de pessoas de sexo diferente"
"Admito que esteja a fazer uma discriminação porque é uma situação que não é igual. A sociedade está organizada e tem determinado tipo de privilégios, tem determinado tipo de regalias e de medidas fiscais no sentido de promover a família, (...), no sentido de que a família tem por objectivo a procriação, (...), Chame-lhe o que quiser, não lhe chame é o mesmo nome. Uma coisa é o casamento, outra é outra coisa qualquer".
Diz o código civil em vigor no seu artigo nº1577:
"Casamento é o contrato celebrado entre duas pessoas de sexo diferente que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida, nos termos das disposições deste Código."
Não há aqui nada que diga que uma familia tem por objectivo a procriação... Caso contrário levantar-se-iam entraves aos casais infertéis por exemplo. E que dizer dos casamentos na 3ª idade? Não podem?
A Drª MFL não foi só retrógrada. Foi preconceituosa, discriminatória e homofóbica! Até porque se o casamento fosse permitido de pleno direito qualquer casal de pessoas do mesmo sexo poderia adoptar. Ou não? Não é com os impostos de todos (gays ou não) que o estado paga as escolas públicas, os abonos de familia, subsidios de maternidade e paternidade? Se temos as mesmas obrigações porque não podemos ter os direitos?
E alguém que lhe explique que não é uma opção... É uma condição.
O meu voto não leva!

6 comentários:

Anónimo disse...

Foi preciso ela pronunciar-se sobre um tema que te é caro para decidires sobre a tua orientação de voto, ou o grosso das outras ideias de direita já te deixavam desconfiado? Infelizmente, os políticos e as suas ideias são-nos apresentados/oferecidos como sortidos de bombons com recheio surpresa. Uns são de morango, outros de ranço. E temos que comer a caixa toda.

Mr Fights disse...

Não foi preciso Mindful até porque o meu sentido de voto não costuma pender para o partido que ela representa. Mas foi suficiente.

Assim como será suficiente para fazer o mesmo com outros politicos que tenham opiniões que eu repudie.

Anónimo disse...

O que ela disse é muito grave, porque é contrário ao Artigo 13.º da Constituição da República Portuguesa. Uma até há bem pouco tempo Conselheira do Presidente da República desconhece ou não respeita a CRP? Bem, não é de admirar, num país como o nosso, em que o PR parece um daqueles manequins antigos da Lanalgo ou um Avô Cantigas em versão pateta alegre. PS - Eu também gostaria muito de "optar" por não pagar com os meus impostos os subsídios de apoio às famílias que a MFL defende...

Anónimo disse...

Senhor Anónimo tenho a dizer-lhe que se não gosta "dum país como o nosso" tem sempre a opção de emigrar...

Confesso que não gostei das declarações da Manuela Ferreira Leite. Mas vão de acordo com a linha de pensamento do PSD. Realmente estava e ainda estou à espera dum combate deveras interessante entre MFL e José Sócrates (caso este se candidate).

coelhinha disse...

Com uma mulher destas à frente do país...de certeza que o país não irá para a frente :(
Só espero que os portugueses estejam todos de olhos bem abertos...

Anónimo disse...

ja nao ia levar o meu voto de kk das maneiras, por isso nao fikei surpreso com a atitude...