Recordar é viver: Eu vim de longe

Eu sei que esta semana o blog parece uma espécie de manifesto comunista pós 25 de Abril. A verdade é que como reacção à extrema direita que governou o país durante anos era natural que pelo menos durante algum tempo a primazia fosse para o lado oposto. Diga-se até que o Partido Comunista não era a força politica mais extremista...

A canção de hoje chama-se "Eu vim de longe", é da autoria de José Mário Branco e fala precisamente do período imediatamente a seguir ao 25 de Abril (conhecido como o P.R.E.C.). Escusam de ter esperanças porque o cravo não muda durante os mais de 8 minutos de duração da canção:

Recordar é Viver: A cantiga é uma arma

Esta "A cantiga é uma arma", da autoria de José Mário Branco é a prova que não só as canções de intervenção eram eficazes por alturas do 25 de Abril como se orgulhavam de o ser.

Interpretada pelo Grupo de Acção Cultural

Recordar é Viver: Grandola Vila Morena

A canção de hoje é óbvia e simultaneamente incontornável.

Grandola Vila Morena foi a 2ª senha da revolução de Abril. Passou no programa Limite da Rádio Renascença às 00h20m do dia 25 de Abril de 1974.

Como é do conhecimento é da autoria de Zeca Afonso que também interpreta a sua versão mais popular. No entanto a que deixo hoje é interpretada pela voz de Amália Rodrigues.

Recordar é Viver: Somos Livres

Esta semana o blog regressa às suas rubricas habituais. Ou quase... Decidi agora que nos próximos tempos cada rúbrica vai ocupar uma semana inteira.

A primeira a regressar é a "Recordar é Viver" que depois de uma série festivaleira se volta agora para as canções revolucionárias. Nos anos antes e pós 25 de Abril a música foram uma das armas mais importantes. Desses desejos de mudança resultaram alguns dos mais belos poemas cantados da nossa musica popular do século XX.

Para começar introduzo uma das canções que mais aprecio. "Somos Livres" foi escrita e era interpretada por Ermelinda Duarte. Bem mais do que a canção da Gaivota que todas as crianças, e não só, adoravam tem uma mensagem claramente comunista, via que na altura aparecia como a solução extrema da negação do fascismo. Felizmente (na minha opinião) não fomos por aí e seguimos a "via do meio" (leia-se nem de extrema esquerda nem de extrema direita) que com os seus defeitos é a que melhor representa a vontade do povo.

Apreciem a gaivota:

West End: A classificação

Como prometido aqui fica a lista dos Musicais com classificação:

1. Oliver! (9,5 / 10)
2. Avenue Q (9    / 10)
3. La Cage aux Folles (8,5    / 10)
4. Wicked (6,5 / 10)
5. Les Miserábles (5,5 / 10)

Wicked

O último musical a aque assisti durante a minha estadia em Londres foi este.

A história é um conto paralelo ao do Feiticeiro de Oz. Na produção de Londres há uma peça fundamental que se chama Kerry Ellis e que representa a personagem principal Elphaba.

A trama é bem construida embora um pouco previsivel em demasia precisamente por acompanhar uma história conhecida da qual já todos sabemos o desfecho. A produção é forte e muito bem executada mas falta ali qualquer coisa... O melhor de todo o musical é a concepção gráfica que é coerente do inicio ao fim desde o momento em que avistamos o teatro da rua.

O publico é também distinto dos demais...

Se no La Cage aux Folles havia jovens e idosos, se no Les Miserables eram quase só turistas, se no Oliver! eram familias com crianças, se no Avenue Q só haviam jovens adultos aqui estava a classe alta e média alta. Em parte pelo preço dos bilhetes claro está mas a verdade é que a grande produção e o facto de ser um dos musicais da moda justificam em grande parte esta distinção.

Amanhã publicarei uma hierarquia  e classificação minha dos vários musicais.

Avenue Q

Pensem na Rua Sésamo, pensem n'Os Marretas e agora numa mistura de ambos em versão musical num teatro e para adultos.

Hummmm!!! Não conseguiram?

Acredito. Este foi o musical mais hilariante que vi (apesar de me ter escapado uma piada ou outra). Com canções com nomes do género:

- It sucks to be me;

- Everyone's a little bit racist; ou

- The internet Is for porn

não se podia esperar outra coisa que não fosse uma gargalhada do inicio ao fim.

Infelizmente está em final de cena no West End londrino mas continuará ainda na Broadway para onde foi transferido depois do enorme sucesso inicial. Mas eu sou fã!!!! E poderão confirmar isso durante o próximo verão.

Oliver!

Este foi o musical para o qual foi mais dificil conseguir bilhetes. Depois de desistir da compra online lá fomos na manhã do próprio dia tentar comprar. E foi mais fácil do que pensámos.

Embora o musical já não seja recente esta versão está em cena há muito pouco tempo. Além disso conta com dois factores que potenciam o sucesso: Rowan Atkinson no papel de Faguin e Jody Prenger descoberta num programa de TV através do qual conseguiu o papel de Nancy.

Confesso que a história do Oliver Twist não me agrada particularmente e que depois de ter visto algumas versões no cinema e na tv já tinha decidido não me torturar mais. Mas lá fui.

E posso dizer que não me arrependi minimamente. As canções são fantásticas, os cenários os melhores que vi até hoje, a encenação é soberba e a presença de Rowan Atkinson dá-lhe uma aura especial. De todos os musicais este foi o mais equilibrado e o ponto de equilibrio estava bem acima da média.

Se forem a Londres nos próximos tempos não percam!!!! Está no Theatre Royal Drury Lane.

Les Miserábles

Les Miserábles é um musical originalmente francês que foi posteriormente encenado em diversas versões mundo fora. A versão Londrina é neste momento o musical que há mais tempo está em cena no West End.

E por isso mesmo desde 1985 que foi sendo afinado e aperfeiçoado.

Embora não tenha delirado com este musical a sua encenação é completamente irrepreensivel. O que não gostei vem mais da concepção base da peça... A história que já de si é épica é contada numa sucessão de momentos épicos em tom operático. Tem ainda um ritmo avassalador que a dada altura me cansou um pouco. 

De resto foi curioso observar o público. Se no "La Cage aux Folles" era um misto de jovens e idosos quase todos britânicos aqui era quase todo composto por turistas...

La Cage aux Folles

Na passada semana não houve blog por dois motivos:

1º- Estive de férias em Londres;

2º- Fui demasiado preguiçoso para deixar preparados os posts para publicação automática.

Durante a estadia em Londres o Macarrão e eu dedicámos as noites a ver musicais no West End e arredores. Assim sendo, esta semana, a "programação" habitual do blog continuará interrompida para uma review dos espectáculos.

E o primeiro foi precisamente La Cage aux Folles que muitos conhecerão através da versão de Hollywood (The Birdcage/Casa de Doidas) protagonizado por Robin Williams. Não me quero alongar muito sobre ele mas digo que a versão londrina agora em cena, que é protagonizada por Graham Norton (habitualmente humorista/apresentador de concoursos), é bastante boa. E o teatro tem uma daquelas localizações que sugerem logo o cabaret da peça. Fica ao lado de uma estação de comboios praticamente em terra de ninguém.

Estas farsas resultam muito melhor em teatro porque no cinema há sempre a tentação de dar demasiado destaque ao romance...

Se tiverem curiosidade pelo que consta brevemente o musical chegará a terras lusas pelas mãos de Filipe LaFéria.